quinta-feira, 29 de julho de 2010

Três


Eu não lembro de muitos detalhes. Mas, lembro dos três balanços de tamanhos diferentes, o meu era o do meio, o dela, o mais alto e o dele, o mais baixo, a casa nova tinha um quintal enorme, e nós passavamos horas correndo por ele, pena que a gente ficou pouco tempo lá. Eu lembro de como ele era pequeno, eu ainda queria que fosse, queria que nunca tivesse crescido, que o meu chinelo ainda coubesse no pé dele e ainda queria ter de comprar chinelo cor de rosa pra garantir que ele não ia usar e esquecer na calçada. Tinha também a cômoda, com três gavetas, no tamanho certo, a minha gaveta era a do meio, a dele, a última, bem embaixo e a dela, a primeira, a mais alta. Escolinha era a brincadeira que a gente mais gostava. E tinha as brigas pelo controle remoto. Ele não confiava muito nela, ela era dedo-duro, os seus segredos, ele dizia a mim, 'ei, não diga a mãe não, eu briguei na escola hoje'. O segredo ficava bem guardado, comigo.
Um, dois, três, eu amo vocês.

Hoje, o meu telefone vai tocar e será ele ou ela.
[Léia Mara]

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