sexta-feira, 11 de março de 2011

SuperANDO


Depois de um tempo a gente aprende a enfeitar as salas vazias e sem pintura que aparecem diante dos nossos olhos. Aprende também a colorir a dor, colocar purpurina nos machucados e seguir em frente. Afinal, que escolha mais sábia poderia haver?

[Léia Mara]

ZE. ZI. NHO


Eu esperei por muito tempo que você voltasse. Eu tentei imaginar que era só mais uma viagem. Você chegaria, me abraçaria, contaria todas aquelas histórias engraçadas outra vez (elas ficavam ainda mais bonitas depois da 12ª vez, acho que pela segurança na sua voz) e eu não sentiria mais saudades. Eu até sonhei várias vezes com a sua chegada. Você trazia a mala, o sorriso sempre largo, os dentes linheiros e tudo o que eu amava em você. Mas era só sonho. A realidade era algo doloroso que eu teria que encarar: dessa vez, você não voltaria. Não adiantava muito tentar congelar a imagem de você e eu na sua bicicleta, dos meus quatro anos e de como você me levou pra o hospital quando caí e cortei a cabeça. O meu chão sumiu, os meus ossos doíam. Parecia que cada parte do meu corpo dependia da sua presença.  Se dói menos hoje? Não sei. Mas tenho a impressão que até a dor  é um pouco caridosa, sabe? Às vezes ela parece adormecer um pouco para deixar que Deus conforte o nosso coração. 

[Léia Mara]

quarta-feira, 9 de março de 2011

...


Tenho a impressão que não afastei algumas pessoas da minha vida. Elas simplesmente decidiram partir, por vontade própria. Depois de um tempo, eu até desejei que elas voltassem. Eu senti falta. Foi aí que aprendi da porção de coisas que não dependem da gente.

[Léia Mara]